terça-feira, 10 de junho de 2014

Sampa Music Festival 11 entra para a história


Nenhum domingo deixará tantas saudades como o dia 08/06/2014...

CARTAZ DO EVENTO


O domingo é sempre conhecido pelas pessoas normais, ou não, como o dia mais chato e entediante da semana. E no último dia 08, além de escapar dos programas televisivos e apelativos de Televisão, outro motivo que fizeram as pessoas driblarem (em época de Copa do Mundo) o caos da paralisação do Metrô para irem até a Penha, foi o Sampa Music Festival edição 11, que prometia um dia histórico para a cena independente musical, com bandas como Fresno, Forfun e Rancore. Esta última através da turnê da despedida, além de muitos outros talentos que eu pude presenciar.

A apresentação, no geral começou por volta das 12h, programado para os mineiros do Shaver abrirem.
Porém, entre as primeiras bandas que se apresentaram, o meu destaque negativo vai para o Lakamy, tecnicamente fracos e com pouco entrosamento para uma banda que almeja coisas maiores, "Talvez o nervosismo falou mais alto" comentou um rapaz que estava ao meu redor sobre a performance do grupo. Mas, foi no fim da tarde que a casa começou a tremer. E com a troca rápida de palco entre John Wayne e Protozóides, pois o grupo liderado por Fabio Figueiredo (Fah) iria filmar o clipe de seu novo single, intitulado "Recomeço" no palco principal. A faixa "Tempestade" é uma das melhores executadas ao vivo pela banda paulista, um dos expoentes do metal brasileiro cantado em português. E com seu carisma em alta e uma boa ligação com o público, Fah agitou a galera para abrir uma roda insana ao meio da pista, e quase ao final de sua apresentação, quem acompanhou o show do John Wayne, sentiu um coro forte na Penha  por "Ei, Fifa! Vai tomar no cu", quando o vocalista resolveu criticar de forma abusiva todas as crises atuais no Brasil as vésperas da Copa do Mundo. O grupo, natural de Perus, SP, terminaram sua apresentação com uma espécie de hino do underground, a música "Aliança", cantada por todos, ou a maioria.


Protozóides fez sua parte. Acredito que a banda está sempre nas edições do Sampa Music Festival por conta de sua alegria nas apresentações e competência nos covers que sempre se propõe a fazer. “I Wanna Be Sedated”, Ramones. "Eu Quero Ver O Oco" Raimundos, e “Killing In The Name” do Rage Against The Machine, figuraram entre as apostas do início daquela noite do grupo. 

A casa já estava cheia, muita gente pra pouco espaço, era o Sampa Music Festival batendo o recorde de público, com quase 4.400 mil pessoas. 
E o Project46 que causou o verdadeiro "Caos Renomado", com Caio questionando "Vocês tão prontos pra tacar o foda-se nessa porra!!??" e com seu estilo único em cima do palco, andando pra lá e pra cá, o vocalista proferiu palavras de protestos contra a Copa, Metrô e agradeceu ao público "Guerreiro" por ter enfrentado todos os obstáculos de greve para chegar até ali.

O Project46, tecnicamente é uma das melhores bandas que tocaram naquele dia, com músicas como "Capa de Jornal" eles conseguiram embalar o público não só com faixas do disco 'Doa a Quem Doer' (2011), mas também com o mais recente trabalho "Seja feita a nossa vontade", sob a música “Erro + 55”. 





Casa já esta o caos com show do Project46 Por: Rafael Marinho


Ao final do show, na música "Acorda Pra Vida", o microfone de Caio deu um defeito, porém isso não foi um problema para o P46, porque o público acompanhou e seguiu a música com a banda em um coro incrível, certamente aquele momento ficou marcado para todos os integrantes do Project46 e depois de trocar o aparelho e ter o auxílio do técnico rapidamente para as ajustes do microfone, Caio voltou em ação e terminou o música.

Eles foram responsáveis pelas melhores rodas do baile do SMF, e saíram aplaudidos de forma merecida. Poderiam ter mais um tempinho ali, porque o Project46 ao vivo é algo fora de série.



Foto por: Igor Lavrador



O Rancore entrou. E antes de sua apresentação, tive a oportunidade de falar com Teco Martins no backstage, onde ele havia adiantado mais um novo show da turnê de "Despedida" em SP, no mês de Agosto, com R Sigma e Medulla.


Foto Por: Rafael Marinho


Ao entrar no palco. O Rancore contagiou logo com "Escravo Espiritual" e deu continuidade com "Samba" e embalou novamente em "Jeito Livre", esta cantada por quase toda a casa, um sucesso assustador. E Teco Martins, como sempre, um show a parte em cada apresentação do Rancore.








Em um dos momentos de sua apresentação, o vocalista pediu para que abaixassem a iluminação e que o público acendessem os esqueiros e luzes de seus celulares, câmeras e objetos que fizessem uma iluminação, e numa vibe muito boa, silenciosa, eis o momento que ele interpreta a canção ''5:20'', cujo o trecho chamativo "Faça tudo que quiser... Você não tem certeza, se vai cair, um belo dia tudo acabará. E o que você vai guardar?". 

"Seleção Natural" outro destaque do Rancore. Após esta música, Teco fez questão de lembrar aos fãs que a turnê de "Despedida" do Rancore termina em Agosto, e que eles têm mais uma apresentação em São Paulo no Carioca Club, no mesmo mês. Além disso, ele contou que para essa despedida, ele conversou com os integrantes do R Sigma, que voltarão para tocar justamente nessa turnê, além da banda Medulla. Obviamente que muitas pessoas ficaram preocupadas, "Seria esse o fim de verdade do Rancore?", o músico ressaltou que essa "Despedida" é apenas um 'ATÉ LOGO', e o fim não será para sempre.


A banda Gloria, lá do outro lado já estava nos últimos ajustes para dar inicio a sua apresentação. Depois de um sorteio para uma fã que ganhou acesso ao backstage, por consumir o Cup Noodles e preencher a ficha de sorteio. O Gloria iniciaram de forma arrasadora com "Vai Pagar Caro Por Me Conhecer" e apesar de entrar com uma faixa do "(RE) Nascido" eles mesclaram bastante no repertório e deram mais ênfase a canções mais antigas. "Asas Fracas" "Onde Estiver", "Minha Paz". Porém, o ponto alto do show, foi quando Lucas Silveira participou da música "Horizontes" para delírio de todos os fãs. Não consegui fazer nenhum registro fotográfico do Gloria por motivos óbvios de casa cheia e impossibilitado de se locomover de onde estive.


E antes do encerramento da apresentação do Gloria, voltei para o outro lado, em que Fresno subiria horas depois parar fazer história mais uma vez no festival. 
O lugar, por volta das 21h20, já estava transbordado de pessoas que vieram de diversas regiões de São Paulo. Pois os fãs do Fresno, por exemplo, não pouparam esforços para chegar na Zona Leste da capital paulista. A estudante Tatiane, 17, veio com uma caravana direto do interior de São Paulo para prestigiar, "Eu vim de Ribeirão Preto só para ver o show, mal posso esperar para os meninos entrar no palco. A paixão ultrapassa qualquer problema e obstáculo" justificou sua ida ao SMF11, entusiasmada e ansiosa para o show da banda gaúcha. 



Por: Rafael Marinho







Fresno entrou no palco com a recente "À prova de balas" do novo EP 'Eu Sou A Maré Viva' e o público, curiosamente, já estava acompanhando a música. "Diga Pt2" foi outro destaque, parecia que banda e público pareciam um só de tão boa que era a sintonia entre Lucas e os fãs do grupo que continuou contagiante também na recente "Manifesto" feita em parceria com Lenine e Emicida, e no SMF foi cantada em conjunto por Mario (Tecladista).


 

"Quebre As Correntes", "Maior Que As Muralhas" foram tocadas, e depois que Lucas rapidamente conversou com o público sobre o calor que fazia naquele domingo, eis que ele faz a feliz pergunta, "Vocês escolhem agora, que música vocês querem ouvir?" e ao redor já era possível de se ouvir o nome de várias canções que poderiam estar ali, cedo ou tarde.


E então ele acrescenta e dá opções, "Escolhem ai: Crocodilia, Revanche". Eis que, os pedidos por "Milonga" falaram mais alto e eles executaram a canção, em um dos momentos mais emblemáticos daquela noite. 


Quando ao final da música, Tavares sobe ao palco, e é como se parte do público tivesse o ápice do prazer musical, pois todos estavam em um delírio fora do normal e o músico emendou "Quando você não esperar vai doer e eu sei como vai doer e vai passar como passou por mim e fazer com que se sinta assim, como eu sinto, como eu vejo, como eu vivo, como eu não canso de cantar..." (Trecho do fim de "Milonga").






E ao encerrar "Milonga" Rodrigo cumprimentou a todos os integrantes da fase atual do Fresno e deu um abraço carinhoso em Lucas Silveira.




Foto por: Brendha Venturini


Depois desse momento histórico, a banda deu continuidade com "Icarus" e encerrou a participação do Fresno com Revanche para assim escrever mais uma vez um momento memorável no maior festival independente do Brasil.





Depois do show do Fresno, pude perceber que muitas pessoas foram embora e não viram a última apresentação, do Forfun, que fecharam de forma satisfatória o SMF. Destaque para as músicas, "Panorama", "Largo dos Leões". Além dessas, "Escala Latina" também foi bem tocada pelo grupo, que fez um show baseado em fim de festa, pois os caras estavam a todo vapor para deixar o público com ar de satisfeito ao sair do Espaço Victory. Pra sacramentar e deixar o clima total pro alto, eles tocaram 'Seven Nation Army' do The White Stripes. E entre um hit e outra faixa pouco aclamada o Forfun fez sua parte no encerramento do Sampa Music Festival edição 11 que, certamente deixou os fãs de todas as bandas principais de bem com a vida e apenas com o sentimento de saudades daquele domingo.

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